A recente escalada de ameaças no conflito armado entre Israel e Irã reascende o debate sobre o futuro da humanidade e a incapacidade de aprender com os erros do passado. Em Star Trek, uma clássica série dos anos 1980, protagonizada por personagens icônicos como James T. Kirk, Spock, Leonard McCoy e Hikaru Sulu, entre outros, existe a chamada Primeira Diretriz, mantra supremo que orienta a "não interferir com civilizações que ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento, que ainda guerreiam entre si e que não conseguem resolver conflitos por meio do diálogo". Provavelmente, arrisco-me a cravar, somos nós.
Estamos há poucos passos do início da Terceira Guerra Mundial. Da primeira vez, os avanços foram com machadinhas e porretes. Na segunda, tanques e balas. A bola da vez promete armas biológicas, químicas e nucleares. Os comandantes dos países em guerra ficam sentados, confortáveis em seus núcleos seguros, enquanto soldados fiéis à bandeira e ao Estado se aglutinam no campo de batalha. Nesta terça-feira (17/06), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu aos cidadãos norte-americanos em territórios iranianos que deixem o país. O mesmo pedido foi replicado, horas depois, por líderes chineses e russos. O temor de todo o planeta é que a escalada das ameaças e um possível ingresso dos Estados Unidos na ofensiva armamentista possa levar à Terceira Guerra Mundial.
Nos últimos cinco dias, Israel e Irã têm travado um "toma lá da cá" com ataques de drones e de mísseis que têm atingido a infraestrutura civil e militar de ambos os países. Desde o início da ofensiva, na sexta-feira (13/06), a CNN estima a morte de 240 civis. A origem do conflito é um mero acaso, um ponto fora da curva, para quem perde familiares e fica sem ter aonde dormir, sem ter bens próprios e sem ter o que comer. Mas vamos explicar: Israel iniciou os ataques ao Irã justificando o avanço do programa nuclear iraniano. Conforme Jerusalém, o país vizinho estaria prestes a desenvolver a sua própria bomba nuclear, o que colocaria em risco a existência do Estado de Israel. A justificativa é similar à utilizada pelo Kremlin ao explicar o avanço militar sobre a Ucrânia, que ocorre desde 2022. O presidente Vladimir Putin havia declarado que a guerra, inicialmente denominada como uma "operação militar especial", serviria como um esforço para garantir a soberania do Estado Russo diante da iminência do ingresso da Ucrânia na OTAN. Em última análise, ambos, Israel e Rússia, querem ser superiores - em todos os sentidos - com mais armas, influência política e status, do que os seus vizinhos fronteiriços, Irã e Ucrânia.
Na iminência de uma Terceira Guerra Mundial, vivemos dias que deveriam ser de aprendizado e de luto. No último dia 06 de junho, celebramos os 81 anos do Dia D da Segunda Guerra Mundial, quanto tropas aliadas desembarcaram na Normandia, durante a Operação Overlord, que foi um ponto crucial da luta contra a Alemanha nazista. E no dia 06 de agosto, em 2025, celebraremos o 80º aniversário da bomba atômica "Little Boy", lançada pelo avião B-29 Enola Gay sobre os céus de Hiroshima, no Japão. O ataque obliterou instantaneamente cerca de 70 mil pessoas e vitimou outros milhares de cidadãos nipônicos nos anos que se seguiram, devido aos efeitos temerários da exposição à radiação. Foi o estopim da Segunda Guerra Mundial.
Passaram-se oitenta anos. Aproximadamente uma geração. E em uma geração, nós não aprendemos nada com os erros do passado. Estamos prestes a escalar outros conflitos, a deixar que pessoas desconhecidas sofram e morram, sem que nós nos importemos com sua saúde e bem-estar. Se houvesse, neste exato momento, uma espaçonave USS há alguns anos-luz de distância, talvez equipada com uma camuflagem de origem romulana ou klingon, sondando o nosso planeta, os seres que a habitariam certamente tomariam a sábia decisão de não virem até nós, de não se mostrarem e de nos deixarem à mercê de nós mesmos, pois demonstramos, mais uma vez, embora haja bondade e coração em muitos de nós, que ainda cultivamos constantes atrasos éticos e morais.